Como a empresa pode se proteger após bloqueio judicial da sua conta: Execução fiscal.




Quando se fala em bloqueio de contas bancárias, para muitas empresas é como uma ameaça ao seu funcionamento ou, em alguns casos, até como o fim de suas operações, por isso buscam fazer o parcelamento o quanto antes sem pensar.

Apesar de os bloqueios serem legais, existem limites e medidas que podem ser tomadas para proteger a saúde financeira da empresa e assegurar sua continuidade.


O Bloqueio Judicial e a Legalidade da Penhora Online

A penhora online de ativos financeiros é amplamente reconhecida como uma ferramenta eficiente no processo de execução.

Segundo o Código de Processo Civil (CPC), o dinheiro em espécie ou disponível em depósitos bancários ocupa o primeiro lugar na ordem de preferência para penhora.

Contudo, apesar de poder ser penhorado, o bloqueio judicial deve respeitar os limites estabelecidos para proteger o funcionamento das empresas, especialmente aquelas que dependem diretamente do capital de giro bloqueado.


A Decisão do TJSP e os Limites do Bloqueio

No caso em análise, a empresa executada, teve suas contas bloqueadas em um valor significativo, totalizando R$ 742.658,18. Este montante era essencial para o pagamento de salários, férias de funcionários e compromissos financeiros com fornecedores, representando o capital de giro necessário para manter suas atividades.

Ao avaliar o recurso apresentado pela empresa, o Tribunal de Justiça determinou a limitação da penhora a 30% dos valores encontrados em conta corrente. Essa decisão foi fundamentada no princípio da menor onerosidade, previsto no artigo 805 do CPC, e busca garantir que o credor possa satisfazer seu crédito sem inviabilizar as operações do devedor.

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Pontos principais da decisão:

  • Legalidade da penhora: O bloqueio é uma prática válida e recomendada para assegurar o cumprimento de obrigações judiciais.

  • Preservação da atividade empresarial: A limitação de 30% protege o capital necessário para pagamento de despesas operacionais, garantindo que a empresa continue funcionando.

  • Satisfação progressiva do crédito: Ao limitar o bloqueio, a decisão permite que o credor receba seu crédito gradualmente, sem causar danos irreparáveis ao devedor.


Como a Empresa Pode Se Proteger?

Diante de situações como o bloqueio judicial de ativos financeiros, as empresas devem adotar medidas preventivas e estratégicas para minimizar os impactos e assegurar sua viabilidade operacional. Confira algumas ações práticas:

1. Organização e Transparência Financeira

Manter a documentação financeira organizada é essencial para demonstrar que os valores bloqueados têm destinação específica, como o pagamento de funcionários ou fornecedores. Essa transparência pode ser utilizada para solicitar a revisão de bloqueios excessivos e garantir que as atividades empresariais não sejam paralisadas.

2. Planejamento Estratégico do Capital de Giro

O capital de giro é a base para a continuidade das operações empresariais. Para evitar vulnerabilidades em caso de bloqueios judiciais, as empresas devem:

  • Diversificar suas fontes de liquidez, evitando concentrar recursos em uma única conta bancária.

  • Criar reservas financeiras específicas para situações emergenciais.

  • Utilizar ferramentas de gestão que permitam antecipar impactos financeiros.

3. Consultoria Jurídica e Tributária

Um dos maiores aliados das empresas em processos judiciais é o suporte de consultorias especializadas. Advogados e especialistas em tributação podem:

  • Auxiliar na defesa durante execuções judiciais.

  • Identificar possíveis falhas ou excessos na ordem de penhora.

  • Aplicar precedentes legais, como o limite de 30% imposto pelo TJSP.

4. Acompanhamento de Jurisprudências

Decisões como esta do TJ podem servir como base para argumentar em processos similares. Acompanhar jurisprudências atualizadas é uma estratégia eficaz para garantir que a empresa se beneficie dos entendimentos mais recentes do Judiciário.

5. Investimento em Negociações Extrajudiciais

A solução de conflitos fora do âmbito judicial pode evitar bloqueios e penhoras. As empresas devem buscar acordos com credores sempre que possível, apresentando propostas que sejam vantajosas para ambas as partes e priorizando a manutenção da saúde financeira.


O Bloqueio Judicial Não é o Fim do Mundo

A ideia de ter contas bloqueadas muitas vezes gera um sentimento de pânico entre empresários, mas é importante lembrar que existem alternativas e medidas para superar essas situações. A decisão do TJSP destaca que, mesmo diante de bloqueios significativos, é possível proteger as atividades empresariais e retomar a estabilidade financeira.

Por que o bloqueio não é uma sentença final?

  1. Existem limites legais: O bloqueio integral de contas bancárias geralmente é ajustado para respeitar o capital de giro essencial, como vimos no caso analisado.

  2. É possível buscar recursos adicionais: As empresas podem contar com linhas de crédito emergenciais, renegociar contratos com fornecedores ou até mesmo realocar recursos internos para suprir demandas urgentes.

  3. A satisfação do crédito pode ser progressiva: Credores frequentemente aceitam receber valores em parcelas, desde que o devedor demonstre boa-fé e compromisso com suas obrigações.


Lições do Caso: Um Equilíbrio Necessário

A decisão apresenta lições valiosas para empresas que enfrentam bloqueios judiciais. Entre elas, destaca-se a importância de adotar uma postura proativa para proteger suas operações, além de utilizar mecanismos legais para argumentar contra excessos.

Para os Empresários:

  • Não se desespere: O bloqueio pode ser limitado, conforme os precedentes jurídicos demonstram.

  • Busque apoio jurídico: Ter especialistas ao seu lado faz toda a diferença para proteger sua empresa e assegurar que seus direitos sejam respeitados.

  • Mantenha-se informado: Decisões como essa mostram que é possível equilibrar o cumprimento das obrigações judiciais com a manutenção das atividades empresariais.

Para os Credores:

  • Seja flexível: Negociações e acordos podem resultar em melhores condições para ambas as partes.

  • Confie na justiça: O sistema legal brasileiro oferece mecanismos eficientes para garantir o cumprimento das dívidas, sem causar danos desnecessários aos devedores.


Conclusão

O bloqueio judicial de contas bancárias, embora seja uma medida eficaz para assegurar o cumprimento de obrigações, não deve ser encarado como o fim das operações empresariais. Decisões como a proferida pela 37ª Câmara de Direito Privado do TJSP demonstram que é possível conciliar os interesses do credor com a viabilidade das atividades do devedor, garantindo equilíbrio e justiça.

As empresas podem e devem se preparar para enfrentar essas situações com estratégias bem definidas, incluindo organização financeira, consultoria jurídica especializada e negociações extrajudiciais. Com as ferramentas certas, é possível superar os desafios impostos pelos bloqueios judiciais e transformar crises em oportunidades de crescimento.

Se sua empresa enfrenta problemas similares, lembre-se: o bloqueio judicial é uma etapa, não uma sentença final. Com planejamento, resiliência e apoio especializado, é possível preservar suas operações e cumprir suas obrigações legais de maneira justa e eficiente.

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